sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Mangueira Leva Magia do Caos e Fantasia a Avenida e Encanta o Publico.


O enredo da escola de Samba Estação Primeira de Mangueira , uma das mais tradicionais do carnaval, surpreendeu todo mundo com a divulgação do homenageado seria Alan Moore, talvez o maior quadrinhista vivo, no enredo “O Mundo Mágico De Alan Moore Desembarca na Sapucaí”.
Todos se perguntavam, “será que a escola conseguiria transpor toda a força da obra de Moore para o Carnaval? A resposta foi sim.
Foram meses de pesquisas, a premiada canavalesca Rosa Magalhães, debruçou-se sobre a vasta obra do autor, fez varias viagens entre o RJ e Northampton na Inglaterra, fez varias entrevistas com Moore que adorou a ideia achou “uma homenagem dionisíaca a um velho sem importância”. Mas a maior dificuldade foi convencer o homenageado a comparecer ao sambódromo, e o mistério da presença dele ficou no ar ate a ultima hora.
O Desfile foi perfeito. 
A comissão de frente era formada por sete casais os homens vestidos como o personagem V e as mulheres como sua companheira Evey, eles dançavam uma valsa se olhando nos olhos e depois V subia em uma escada e segurava uma bomba acesa que quando explodia liberando dezenas de borboletas que voavam por toda a Sapucaí.
O casal de Mestre sala (pela primeira vez uma mulher) e Porta bandeira estavam vestidos em homenagem a personagem Cobweb colocando passos novos nos tradicionais movimentos.

O primeiro carro alegórico trazia uma homenagem ao Monstro do Pântano, arvores enormes e que se moviam, que juntas representavam o Parlamento das Arvores e um monstro do pântano tão real que dizem ser o verdadeiro que veio sambar no carnaval carioca. Ao lado do Monstro um John Constantine desconfiado olhava tudo ao redor
A ala seguinte “Fascistas contra anarquistas” era formada por integrantes uniformizados como os fascistas de V de Vingança que seguravam bandeiras pretas e realizavam coreografias nazi parecendo uma miniatura das convenções de Nuremberg.
O carro em homenagem a Watchmen era assustadoramente belo. O monstro do final da graphic novel tomava toda a extensão do imenso carro alegórico e parecia estar vivo movendo seus tentáculos por sobre as arquibancadas causando sustos nos espectadores. Enquanto isso os
Personagens da obra sambavam em volta do monstro, acima do carro a nave do coruja pairava iluminada e silenciosa patrulhando os céus da Sapucaí
A ala em homenagem ao Supremo era impressionante com seus passistas voadores usando o uniforme do personagem e dando rasantes por sobre o publico.

Dizem que a belíssima mulher que veio no carro em homenagem a Promethea era a própria, que segurava seu caduceu mágico e parecia reger o grupo de mulheres belíssimas que a acompanhavam todas, estranhamente, parecidas com ela. Promethea as vezes parecia voar sobre o publico e seu carro soltava cores e formas estranhas que pairavam sob o céu da avenida num espetáculo psicodélico nunca visto no carnaval.
A letra do samba enredo era cantada por toda a Sapucaí enquanto a bateria, com seus integrantes usando a mascara de Rorschach, marcava firmemente o ritmo com direito paradinha e tudo mais.

“Ele e mago e criativo
Briga com a DC e não tem medo do perigo
Mangueira traz da Inglaterra para a Sapucaí
E o Alan Moore fiquem de olho Ai”

O desfile se sucedeu com homenagens a Lost Girls, num carro alegórico que insinuava uma orgia entre as personagens, 1963, uma ala  de Jack estripadores em homenagem a From Hell, o Nautilus do capitão Nemo transformado em um imenso carro alegórico citando a Liga Extraordinária e seus incríveis personagens.


Mas foi o carro alegórico que fechava o desfile que prendeu a atenção de todos.
Há meses que a duvida da presença ou não do homenageado enchia os fóruns da internet de boatos. 
Mas La estava ele, o próprio Alan Moore venceu o isolamento e veio sambar na avenida, desajeitadamente e certo, mas saiu distribuindo simpatia, com uma jiboia nos ombros cuja cabeça às vezes lembrava um rosto humano.

Na dispersão centenas de jornalistas correram para entrevista-lo, mas ele parece ter sumido no ar, o mesmo aconteceu com todos os destaques dos carros alegóricos e o casal de mestre sala e porta bandeiras, como se nunca estivessem estado ali, deixando apenas  duvidas em todos que estiveram presentes aquela noite mágica.
A mangueira apresentou um desfile surpreendente nesse carnaval de 2014, mas que só saberemos se foi bem sucedido ou não na apuração da quarta feira.

Jefferson Nunes, especial para O Globo.








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